Crônica: A margem da margem...que lugar é esse?

Helena do Rocio Guimarães da Silva Costa
Aluna do Curso de Jornalismo da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora

O que fazer quando os próprios olhos confirmam a existência da vida mais miserável que já pudemos observar? Quando a doação de uma cama não é possível porque é impossível colocar uma cama entre aquelas quatro paredes de papelão? Quando o banheiro fica logo ali, num pedacinho da Restinga de Jurubatiba, num bairro que pertence à cidade de Macaé?Quando falta o pão, o café, o leite, o arroz,o feijão e todos os alimentos para uma vida saudável? E o remédio?

Mas para qual dos problemas de saúdese ainda nem mesmo conseguiu chegar a um ambulatório, médico pois a fraqueza de seu corpo não deixa ir a lugar algum? Sapatos? Piso em casa? Não, os pés pisam o chão de terra batido que fazem o assoalho da casa. Casa? Casebre? Caixa de papelão? Restos, dos restos, dos restos, dos restos...

Falamos todos os dias em responsabilidade social, em direitos humanos, em qualidade de vida, globalização. Belas idéias, belas palavras, mas o que fazer quando nossos olhos confirmam a existência de tão miserável pobreza?

O coração fica apertado, a mente passa para um estado de comoção, pedimos ajuda a um amigo ali, outro amigo aqui e pronto! Arrumamos uma, duas, três cestas básicas. Arrumamos algumas roupas usadas, sapatos, e cobertores, belos gestos, mas é preciso muito mais do que paliativos! É preciso muito mais do que uma comoção, depressão ou atitude imediata. É preciso mudar a vida de cada indivíduo com o direito adquirido de ser um ser humano, de ser cidadão, de usufruir da lei de DEUS que nos dá a vida e dos homens do poder. Sim. São eles que têm o poder de mudar tudo isso.

Deixem de construir praças, de desviar verbas com construções fantasmas, deixem de promover campanhas milionárias, deixem de se alto promover com o dinheiro do povo comprando mansões, carros importados, fazendo viagens fantásticas pelo mundo afora e dêem uma vida digna àqueles que necessitam de uma oportunidade para reingressar da margem e entrar de novo na tal sociedade. Essa que nos esmaga diariamente, que nos tira o sono, que não nos protege, que nos arrasta para o fundo do poço. Mas estudiosos insistem que vivemos dentro dela!

Essa é apenas a história de um homem que mora com a sua companheira no bairro? Comunidade? Favela? Fronteira?Não é o único, não é o primeiro, nem será o último!

É preciso mudar o pensamento com o coração! É preciso usar o mandamento principal todos os dias de nossa vida. “Amai ao próximo como ama a ti mesmo”. É preciso ter vergonha na cara e pensar 2, 3, 4, 5 e muitas vezes mais antes de escolher quem irá levar a sério a representação de cada um de nós diante de tanto poder. Um voto vale uma vida digna!

Revista Eletrônica Minhoca da Terra #4
Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda
Faculdade Salesiana Maria Auxilidora - FSMA / Macaé-RJ
www.fsma.edu.br/publicidade/minhoca