A Imprensa em Quissamã

Juliane de Souza Reis
Aluna do 6º período do curso de Comunicação Social
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora

Resumo

O objetivo deste artigo é identificar os jornais regionais que já existiram no município de Quissamã e os que ainda existem e os processos de mudança pelos quais eles já passaram e passam. Este artigo é resultado de uma pesquisa de campo iniciada em julho de 2007 sobre a imprensa de Quissamã -cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro, emancipada em 1989 e que atualmente totaliza cerca de 16.000 habitantes.

Palavras-chave: Imprensa, Jornal Regional, Quissamã.

 

O artigo presume mostrar um pouco a história do jornalismo regional no município de Quissamã. A decisão de trabalhar este tema foi para saber quando surgiu o jornalismo regional na cidade, quais são os jornais, como se dá a distribuição/ circulação, como ele sobrevive e qual sua importância para a população. Para obter as respostas e dar início ao artigo, o método de pesquisa utilizado foi entrevista com jornalistas responsáveis por cada veículo de comunicação, leitura de outros artigos sobre o jornalismo regional, além de leitura de livros que tratavam sobre o respectivo tema e entrevistas com pessoas indicadas pelos próprios jornalistas entrevistados.

Os Jornais

Estima-se que o primeiro jornal impresso da cidade de Quissamã-RJ foi fundado no século XIX em 1877.Essa informação consta no Livro “Eu Sou Quissamã”, de Jesus Edésio de Oliveira, 2000. Segundo relatos do livro, de 1877 aos dias atuais, Quissamã registra um total de 19 jornais impressos, sendo que apenas três ainda estão em circulação.

“A primeira manifestação jornalística conhecida foi representada pelo “Nova Aurora”, surgido em 1877; a seguir, “A Tesoura”,em 1912;”O Tagarela”, em 1913;”O Vigilante, em 1919;”A Idea”, em 1919; “A Voz de Quissamã”, em 1938;”O Jovem Tagarela”, em 1972;”A Folha Franciscana”, em 1979;ressurge “A Voz de Quissaman”, em 1988;”Quissamã em Notícia”, em 1989;”A Folha de Quissamã”, também em 1989;”A Folha do Engenho Central”, em 1991;”Quissamã não Pode Parar;em 1992;”Análises”, em 1993;”O Arauto”, em setembro de 1994;ainda o “Jornal da Associação Comercial e Industrial de Quissamã, no meio dessa tribo;em julho de 1999 nasce o “Ponto de Vista”, e, em maio de 2000, surge a “Tribuna de Quissamã” ( OLIVEIRA,2000).S

No entanto, o“Jornal Folha de Quissamã” foi fundado em 8/02/1992. Assim afirma o jornalista responsável pelo veículo, Claúdio Azevedo.Tal afirmação pode ser comprovada na primeira edição do jornal que se encontra arquivada na sede da redação- atualmente situada na Rua Visconde de Ururay, 170-Centro-Quissamã.

Durante pesquisa com jornalistas responsáveis, Claudio Azevedo, responsável pelo Folha de Quissamã, disse que sabia de uma pessoa que podia me passar muitas informações sobre o tema. Era ela Helianna de Barcelos, presidente do Espaço Cultural José Carlos de Barcelos, localizado em Quissamã. Barcelos tem em seu acervo inúmeros exemplares da maioria dos jornais que já existiram e existem no município e a partir desses exemplares,esta descreve as principais características de alguns jornais, tais como:

A Idea - era um veículo semanário e os responsáveis eram Mario Carneiro(proprietário) e Santos Junior (diretor). O primeiro exemplar circulou no natal de 1919, na data 25/12/1919 e parou de circular na época em que foi iniciada a construção da Igreja Matriz e para tanto foi necessário demolir o prédio que existia no local onde seria construída a Igreja. Tal fator agradou a um grupo e a outro não. Foi assim que o “A Idea” parou de circular.
A Voz de Quissaman (1938), era um veículo semanário, noticioso, esportivo e literário. Os responsáveis eram Elso de Oliveira Pinto .(diretor responsável), Miguel Ângelo da Silva Santos (redator chefe), José Carlos de Barcelos (diretor comercial). Era feito em uma barbearia à base de gasômetro e gasolina, seu exemplar foi até o número dezesseis.
O Tagarela, era crítico, noticioso, literário e recreativo, na identificação dos responsáveis continha a seguinte frase: colaboradores diversos.Era dedicado à mocidade quissamaense.
Quissamã em noticia notícia era caracterizado por uma idéia forte, o editor responsável era Paulo R.C. Cordeiro.
A Tribuna de Quissamã tinha como características a independência e liberdade acima de tudo, era considerado um jornal de oposição. Diretor responsável era Ely Pereira.
Durante entrevista, Helianna cita também O Jegão - era um jornal sem assinatura. Ela o compara ao Pasquim do RJ.
O jovem Tagarela - Ano3-1974, era um órgão educacional e informativo do ginásio Nossa Senhora do Desterro.”Lendo e aprendendo você está construindo o futuro. Esse jornal era feito por alunos.
O Arauto - era feito pela Igreja (Paróquia Nossa Senhora do Desterro).
Barcelos cita também Atividades do Legislativo - Ano1 nº1, era um informativo da câmara Municipal de Quissamã. Na época, era feito pelo ex-assessor de comunicação João Ângelo Pereira Direna, colaborador Oldair Barcelos e Roberto Macedo.Tinha uma impressão de 1000 exemplares.
A tesoura - era um veículo batido à maquina e a correção era feita à mão. Além da correção, todo designer também era feito assim, inclusive a cada edição o “T” da tesoura tinha um formato diferente, era todo desenhado. Segundo Barcelos, o jornal circulou de setembro de 1912 a dezembro de 1913 e o responsável era Mario Carneiro.

Dos cerca de 19 jornais que foram fundados na cidade, apenas três ainda estão circulando, mantendo a sociedade informada.Após pesquisa com cada jornalista responsável por seu veículo, em que umas das questões abordadas foi sobre a importância de cada jornal para a comunidade, ambos responderam que por se tratar de um jornal local, o principal objetivo é tratar temas que sejam de interesse da sociedade, mantendo-a assim bem informada. Os jornais são: “A voz de Quissaman - que ressurgiu em 1988, após ficar alguns anos fora de circulação, a “Folha de Quissamã’-fundado em 1992 e o “Ponto de Vista” que deu o ar de sua graça em 1999-sendo o primeiro jornal colorido e também o primeiro on-line do município.

Os Jornais que ainda circulam no município

Jornal A Voz de Quissaman

O jornal “A voz de Quissama” - é um veículo que teve sua primeira versão em 1938 e após ficar alguns anos sem circular, ressurgiu em 12/06/1988, época próxima à emancipação do município. Segundo, o atual responsável pelo veículo de comunicação, Manhães Almeida, na época em que ele passou a ser responsável pelo jornal, não havia nenhum outro jornal circulando em Quissamã, e esta foi a razão para ele dar vida ao jornal “A Voz de Quissaman”. “Estávamos vivendo um momento muito especial para nossa história: A emancipação de Quissamã. Por isso tive a idéia de fazer o jornal voltar a circular e fazer com que a sociedade passasse a ter um meio de informação sobre tudo o que estava acontecendo na cidade”, frisou Almeida, acrescentando que uma das primeiras reportagens publicadas foi sobre o resultado do Plebiscito no Clube e a primeira edição foi ilustrada com fotos do plebiscito.

Manhães afirma que “A Voz de Quissaman” é um veículo que circula mensalmente no município. Sua impressão é feita em Niterói. A equipe é composta por ele (Manhães e seu filho Davi Almeida, ambos não são formados em jornalismo. Porém Manhães informa que na época que fez ressurgir “A Voz de Quissaman” não era necessário ser jornalista.”Na época não precisava de registro para exercer a profissão de jornalista, então não foi difícil conseguir.”Sou sindicalizado”, ressalta.

Quanto às mudanças sofridas pelo jornal, Manhães fala sobre mudanças no layout. “O layout sofreu algumas mudanças umas duas ou três vezes.O jornal já chegou a circular bimestralmente e sua tiragem é de três mil exemplares.”

Ainda segundo Almeida, este é o único jornal regional do município que não é custeado pela Prefeitura.”A Voz de Quissaman” sobrevive com recursos próprios, destaca Manhães, acrescentando que suas matérias são feitas a partir de informações que são divulgadas na internet. “A internet é minha grande fonte de informação”, conclui.

Jornal Folha de Quissamã

Já o Folha de Quissamã - Como já mencionado anteriormente, foi fundado em oito de fevereiro de 1992.Os responsáveis foram os jornalistas Claúdio Azevedo e Rômulo Campos.Segundo Claúdio Azevedo, ele e Rômulo se conheceram por acaso, quando este (Claúdio) trabalhava no jornal O Debate, em Macaé. Claudio já tinha um projeto pronto de criar um jornal em Quissamã e Rômulo também pensava em criar um jornal no município. Ambos esquematizaram melhor suas idéias e deram vida ao Folha de Quissamã no dia 8 de fevereiro de 1992. Este jornal tinha e tem por objetivo trazer informações ligadas ao dia-a-dia da cidade, mantendo assim a população informada sobre os acontecimentos da cidade. Tinham como projeto editorial, contribuir para o jornalismo do município.

É um veículo distribuído semanalmente, com uma tiragem de 4.0000 exemplares com circulação em Quissamã, Carapebus e Macaé.

O número de páginas varia, normalmente são doze podendo chegar a dezesseis ou ser reduzida para oito. Esse veículo passou por alguns processos de mudança tais como, no ano em que foi fundado, ele era nas cores PB (preta e branca) e atualmente tem quatro páginas colorida (capa, pagina central e última página).

E o jornal Ponto de Vista - Fundado em 1999 pelos jornalistas Deise Vieira, Alacir Rodrigues da Silva e Elsa Santuchi. A idéia de criá-lo foi uma iniciativa das jornalistas Deise e Elsa (sendo Deise natural de Quissamã e Elsa de Conceição).Segundo relatos de Gariela Hintz, atualmente jornalista desse jornal, Elsa e Deise tiveram a idéia de criar esse veículo, sendo que Deise ainda era recém-formada e Elsa estava cursando os últimos períodos, as duas não tinham registro para fundar o jornal, então Deise, que já conhecia Alair (que também era jornalista e tinha registro) o apresentou a Elsa e juntos amadureceram a idéia de criar o jornal e fundaram o Ponto de Vista.

“O objetivo desse veículo era e é tratar assuntos de interesse da comunidade e principalmente “abrir espaço para a comunidade falar”, ressaltaGabriela.Segundo Hintz,o jornal Circula quinzenalmente em Quissamã e norte fluminense com uma tiragem de três mil exemplares e um total de oito páginas, sendo que em época de festa, por exemplo, aniversário da cidade, pode variar entre doze e dezesseis páginas. Sobrevive com anúncios e comerciais e a Prefeitura tem sua contribuição na parte de publicidade (divulgação de cartaz). Desde o ano de fundação até este ano de 2007, as principais mudanças sofridas foram o layout.

Também circula diariamente no município O Jornal “O Diário de Quissamã”, cujo responsável é Oscar Pires, responsável também pelo jornal O Debate de Macaé.

Não mencionei este veículo junto aos demais devido ao fato de este não ter sede em Quissamã. Ele circula em Quissamã, Macaé, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Conceição de Macabu e Campos.

Conclusão:

Para finalizar, conclui-se que a história da imprensa em Quissamã existe desde quando o município ainda era distrito de Macaé. E foi em 1817 que surgiu o primeiro veículo de informação impresso da cidade. A partir deste, foram surgindo mais e mais jornais, cada qual com o seu diferencial, porém com o mesmo objetivo: INFORMAR.

O município chegou a ficar alguns anos sem o jornalismo impresso e foi então que em 1988, ressurge A Voz de Quissamã e em seguida outros jornais também foram surgindo, alguns permanecem até os dias atuais e outros já pararam de circular.

O que foi dito neste artigo foi apenas o início de uma pesquisa de campo sobre a imprensa em Quissamã.Futuramente pode servir de contribuição para a sociedade e todos que se interessam por conhecer um pouco a história da imprensa de Quissamã.

É um assunto que pode favorecer a futuras pesquisas sobre o relevante tema e enriquecer conhecimentos.

Bibliografia:

Oliveira. Jesus Edésio de, Eu sou Quissamã, 2000.
MATSUMURA,Sandra. Exclusão idiomática: a exclusão social no âmbito das diversidades lingüísticas
Duarte,Jorge & BARROS. Antônio, Métodos e Técnicas de Pesquisa em Comunicação, Maria da Graça Trajano.
MORONI,Benedito de Godoy & Ruas. Reinaldo Lázaro, jornalismo Regional 6º Aniversário do Jornal Correio do Porto.

 

Revista Eletrônica Minhoca da Terra #4
Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda
Faculdade Salesiana Maria Auxilidora - FSMA / Macaé-RJ
www.fsma.edu.br/publicidade/minhoca